Disseminar a mensagem de que a cultura do empreendedorismo vai além da intenção de abrir o próprio negócio, constituindo-se como uma importante ferramenta que contribui ativamente para o desenvolvimento de habilidades e atitudes essenciais à construção de um projeto de vida. Essa é a missão e a essência do Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE), desenvolvido pelo Sebrae em todo o Brasil, que celebra os seus 10 anos de atuação em 2023. Apenas na Paraíba, conforme dados da instituição, o PNEE já beneficiou cerca de 150 mil estudantes, em pelo menos 70 municípios do estado.
Uma dessas alunas é Geisikelle Silva, de 19 anos, natural do município de Monteiro, no cariri do estado. Atualmente cursando faculdade de Direito, a jovem participou, em 2018, da metodologia Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), direcionada para alunos do ensino fundamental e aplicada em parceria com as prefeituras. A sua proposta é incentivar os estudantes a buscar o autoconhecimento, novas aprendizagens e o espírito de coletividade.
“A minha escola foi escolhida como pioneira na execução do programa em Monteiro. Na época, encontrava-me no 8º ano e a área do empreendedorismo trabalhada foi a social, que busca desenvolver produtos e serviços que impactem a sociedade, ajudando a solucionar problemas por ela enfrentados. Dessa forma, minha turma foi instigada a ter um olhar crítico para as dificuldades enfrentadas em nossa comunidade, pois o sucesso da nossa iniciativa empreendedora dependia dessa sensibilidade aos problemas sociais”, recordou Geisikelle Silva.
Foi então que surgiu na turma o projeto “Biblioteca Solidária”. “Percebemos que existia uma dificuldade de acesso à leitura em alguns locais da cidade. Como forma de amenizar a problemática, desenvolvemos a biblioteca, que consiste na reforma de geladeiras que antes estavam inutilizadas para servirem de locais de armazenamento de livros, sendo uma alternativa para que regiões mais afastadas tivessem acesso à leitura”, explicou a aluna.
Além da iniciativa voltada à leitura, a formação do JEPP também estimulou a turma a desenvolver outro projeto, que recebeu o nome de “Policultura Cidadã”. “Foi observado que existiam locais de convívio comum da comunidade que eram usados indevidamente para descarte de lixo. Como alternativa, buscamos limpar os locais e semear diferentes culturas de plantas que se adequassem ao solo e fossem ao encontro das necessidades da comunidade, uma vez que toda a ação estaria voltada para o seu benefício”, pontuou Geisikelle, ao revelar que os dois projetos fizeram a diferença não só na vida dos alunos participantes, mas também de toda a comunidade, uma vez que eles continuam em atividade em escolas do município.
Já do ponto de vista da formação pessoal, a aluna afirma que as sementes plantadas pela educação empreendedora servirão de estímulo para que ela possa unir Direito e empreendedorismo em um futuro pós-faculdade. “Essa parceria com o Sebrae em minha formação acadêmica resultou apenas em ganhos, uma vez que houve a ampliação da minha visão de mundo, juntamente com meu senso crítico. Além disso, enxergar-se como empreendedor sempre terá um impacto transformador na vida de jovens e adultos, pois nunca será tarde para reconhecer que você é protagonista da sua própria história”, salientou Geisikelle.
10 anos de transformação – Além da metodologia do JEPP, que é uma das mais conhecidas pelo público, o Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE) também conta com outras iniciativas na Paraíba. Entre elas, estão a oficina de empreendedorismo, a formação continuada para professores, o Prêmio Educador Transformador, além de eventos voltados para esse público e outras parcerias estratégicas firmadas nessa área.
Juntos, esses serviços e capacitações têm contribuído para transformar realidades a partir da educação e do empreendedorismo, conforme ressalta a analista técnica do Sebrae/PB, Fabíola Vieira, ao pontuar o compromisso da instituição com a transformação social.
“A educação empreendedora é uma ferramenta auxiliar para construir pontes e projetos de vida, pois permite aos alunos o autoconhecimento, estimula o protagonismo e apresenta novas aprendizagens. Alcançar 10 anos de um programa como esse no âmbito educacional, além de ousado, é consagrar o espírito de coletividade e a responsabilidade com legados e futuros ao qual o Sebrae se propõe. É dar evidência às melhores possibilidades para as futuras gerações e visibilidade e valorização para professores e gestores escolares”, enfatizou a analista.