Ele dispensa apresentações. Seja para consumo direto, ou utilização no preparo de doces e até mesmo de pratos salgados, o chocolate é uma paixão, quase uma unanimidade, digno de ter uma data especial dedicada a ele: 7 de julho, quando se comemora o Dia Mundial do Chocolate. Além das boas experiências e memórias que proporciona aos seus consumidores, o chocolate também é sinônimo de oportunidades no universo do empreendedorismo, especialmente para os pequenos negócios que desejam apostar em produtos diferenciados e com maior valor agregado.
De acordo com levantamento realizado pelo Sebrae/PB, o estado conta com 80 pequenos negócios que atuam no segmento de fabricação de chocolates e produtos de cacau, sendo a maioria deles (80%) inseridos na categoria do microempreendedor individual (MEI), que conta com 64 empresas formais. Em seguida, aparecem as microempresas (ME), que reúnem 13 negócios formais, e as empresas de pequeno porte (EPP), que somam três negócios formais no estado.
Já em relação aos municípios, João Pessoa concentra a maior parte dos pequenos negócios do segmento, com 31 empresas ativas. Uma delas é a Perfeito Cacau, criada há sete anos pelo empreendedor Micael Pinheiro, que contou com a contribuição do Sebrae para a formatação de seu plano de negócios. Atualmente com capacidade de processamento de três toneladas de produtos por mês, a empresa começou de forma tímida, em um ambiente residencial.
“A Perfeito Cacau surgiu quando eu ainda era estudante e fazia bombons e barras de chocolate e saía vendendo na rua ou para o mercado corporativo. Isso eu comecei com um capital de giro de apenas de R$ 350 e assim nós fomos aumentando as nossas operações. Um detalhe é que eu comecei fazendo tudo sozinho no quarto do apartamento e as primeiras 18 mil embalagens foram produzidas à mão”, relembra Micael.
Ainda conforme o empreendedor, a empresa começou a crescer ao longo dos anos, expandindo seu capital de giro, comprando novos equipamentos e ampliando a contratação de mão de obra. Agora, se prepara não só para a formatação de franquias, como também para produzir o próprio cacau, garantindo o total controle da produção.
“A Perfeito Cacau começou a partir de um sonho meu de empreender, de ter liberdade empresarial, de tempo e um padrão de vida melhor para minha família. Com isso, a gente também pode ajudar pessoas, desenvolver o PIB da Paraíba e contribuir com o desenvolvimento de empregos. Além disso, sou apaixonado por empreender com produto de alto impacto emocional e vi no chocolate um grande potencial”, afirmou o empresário.
Ao avaliar o potencial desse segmento na Paraíba, Micael Pinheiro destaca a ascensão de produtos com maior valor agregado no mercado. “Eu vejo o chocolate, principalmente o genuinamente paraibano, como uma alternativa para oferecer aos consumidores um produto de altíssima qualidade. Até porque, não é apenas um chocolate, é um produto que busca oferecer uma experiência sensorial marcante. Então, a Perfeito Cacau tem essa proposta de trazer um chocolate de altíssima qualidade, sem gordura hidrogenada, aromatizantes ou conservantes e eu vejo que esse mercado terá uma grande alavancagem nos próximos anos”, acrescentou o empresário.
Outro município onde a fabricação de chocolates está ganhando visibilidade é Areia, no brejo paraibano. Lá, a Engenho Cacau, que funciona dentro do parque do Engenho Triunfo e é atendida pelo Sebrae através de consultorias e capacitações, tem buscado se diferenciar no mercado com a valorização de sabores regionais, utilizando nos chocolates ingredientes como cachaça, cajá, pimenta, banana e até flores comestíveis.
“Produzimos o que se chama de chocolate ‘bean to bar’. Isso quer dizer que produzimos desde o cacau até a barra. Esse é um movimento que vem ganhando força no Brasil, em que a ideia é produzir chocolates com amêndoas finas e selecionadas de cacau, que é totalmente diferente do cacau industrial. Além disso, usamos ingredientes naturais, uma forma de produção mais sustentável e valorizamos os ingredientes da nossa terra”, destaca a empreendedora Juliana Viegas.
Segundo ela, a empresa, que no ano passado beneficiou uma tonelada e meia de chocolate, surgiu na pandemia, para agregar valor ao trabalho turístico que é realizado dentro do Engenho Triunfo. “Fomos buscar capacitação, maquinário e formar a equipe. Queríamos algo diferente e que participássemos de todo o processo produtivo. Eu não queria derreter e moldar chocolate pronto, queria fazer meu próprio chocolate”, conta Juliana, que comanda a empresa com o marido.
Juntos, eles são responsáveis por receber o cacau vindo da Bahia e do Espírito Santo e participar de todo o processo de fabricação, que vai desde a torra da matéria-prima até a finalização do chocolate. Além disso, o casal já iniciou a sua própria plantação de cacau e espera, em um intervalo de até três anos, ter a própria matéria-prima para a produção dos chocolates.
Oportunidade – Conforme ressalta a gerente regional do Sebrae/PB no brejo, Jacy Viana, o segmento em ascensão oferece muitas oportunidades, podendo, inclusive, ser associado a outras atividades, a exemplo do turismo. “Para quem quer empreender nesse segmento é essencial conhecer bem o processo produtivo, ter bons fornecedores da matéria-prima, especialmente o cacau, investir em embalagens, formatos diferenciados dos chocolates, na gestão do negócio e ter uma boa estratégia de marketing”, explicou a gerente.