Um pequeno negócio que começou de forma despretensiosa, há 11 anos, e hoje se transformou em um exemplo bem-sucedido de produção de queijos artesanais no interior da Paraíba. Assim é a Casa do Cariri, empresa atendida pelo Sebrae/PB, que se destacou na última edição do Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (Enel), realizada em outubro, em Campina Grande, ao conquistar nove medalhas no concurso de queijos e derivados do leite. Ao todo, a empresa, que começou no município de Juazeirinho, recebeu três prêmios na categoria Super Ouro, três na categoria Ouro, 1 na de Prata e 2 de Bronze.
Além dos queijos produzidos a partir do leite de cabra, também foram premiados uma manteiga e um iogurte da Casa do Cariri, que hoje realiza vendas online não só em Juazeirinho, como também para os municípios de João Pessoa, Campina Grande e Soledade. De acordo com a empreendedora Larissa Torres, a história da empresa se mistura com a trajetória de sua família.
Ela conta que morava com os pais e o irmão na Bahia, onde possuíam uma pequena criação de bovinos. A partir desse rebanho, a mãe produzia queijos para o consumo familiar, enquanto o pai, que trabalhava no comércio, também vendia carne para um açougue da região. Anos depois, o irmão de Larissa, e logo em seguida a empreendedora, vieram para a Paraíba cursar o ensino superior. O movimento dos filhos também trouxe os pais de volta ao estado de origem, em 2010, para cuidar do sítio da família em Juazeirinho.
“A minha avó faleceu e não tinha mais ninguém para ficar fazendo a manutenção do sítio. Então, meus pais assumiram essa manutenção, fizeram uma reforma e começaram a criar caprinos e ovinos, pois viram que o gado não era tão estratégico para a região. Com isso, meu pai, que sempre gostou de fazer cortes de carne, começou a fazer de ovinos e a minha mãe continuou fazendo queijos para o nosso consumo e de alguns familiares”, recordou Larissa.
Segundo ela, a produção permaneceu familiar de 2010 até 2012, quando a então enfermeira recém-formada decidiu fazer especialização em João Pessoa. “Eu tinha que vir para João Pessoa todo fim de semana. Nessas idas e vindas, eu conversava com as pessoas falando que a gente tinha essa produção de queijo com leite de cabra, que naquela época era algo impensado. E aí começou a surgir a curiosidade das pessoas quererem experimentar os queijos, no fim de ano também me encomendavam cortes de pernil e a coisa foi crescendo”, explicou a empreendedora.
Com esse crescimento das encomendas, os produtos, que Larissa trazia do sítio em caixas de isopor dentro do carro, passaram a ser estocados em maior quantidade no apartamento dela e do irmão, em um freezer adquirido por eles. Logo depois, com a divulgação nas redes sociais, o negócio começou a crescer ainda mais, o que fez a empreendedora decidir morar em uma casa com o tio para conseguir ampliar a empresa, que ganhou o nome de Casa do Cariri.
“Resolvi abrir um ponto físico, dentro de casa mesmo. A gente criou esse nome justamente porque as coisas eram feitas em casa e entregues também em nossa casa. Eu queria permanecer nessa originalidade”, relatou Larissa. Logo depois, vieram uma nova casa, a pandemia, que retornou o negócio para a modalidade online e triplicou seu faturamento, uma nova loja física e depois o retorno para o formato atual, de comercialização online e de venda no atacado.
Durante essa jornada, o sucesso do negócio fez Larissa abandonar a profissão e mergulhar no universo do empreendedorismo. Foi então que a sua história se cruzou com os serviços e soluções oferecidos pelo Sebrae/PB. “Eu via que tinha muito futuro, então decidi deixar a enfermagem e parti para fazer cursos voltados a essa área. E a partir disso o Sebrae foi muito parceiro, já que eu procurava e até hoje procuro muitos cursos, além das consultorias feitas para ter mais conhecimento, já que o meu era todo voltado para a saúde”, afirmou.
Entre as diversas capacitações e consultorias realizadas, uma das mais importantes, segundo ela, ocorreu esse ano: o programa Acelera MEI Mulher, voltado ao fortalecimento do empreendedorismo feminino. “Eu indicaria para todo mundo. É uma capacitação que me abriu os olhos para muitas coisas, pois ela te mostra todo o caminho do empreendedorismo, desde o marketing, formação de preço, contabilidade, entre outros módulos. Para mim, foi uma virada de chave”, enfatizou Larissa.
Ao celebrar o sucesso dos produtos no concurso do Enel e o crescimento da empresa, a empreendedora já projeta o futuro, aproveitando o bom momento vivido pela caprinocultura na Paraíba. “Para mim, é motivo de muito orgulho comercializar produtos feitos pelos meus pais, pois sei de toda a história que passamos, da dificuldade de se produzir no semiárido, mas que são produtos feitos com amor e cuidado. Estamos falando de produtos que antigamente não era bem-vistos pela sociedade, mas que estão crescendo bastante. Então, a nossa meta é crescer, qualificar ainda mais nossa produção e ganhar ainda mais a confiabilidade dos nossos clientes”, concluiu Larissa Torres.