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Pequenos negócios impulsionam o desenvolvimento econômico de Campina Grande em seus 161 anos de história

Município se destaca pela força empreendedora, inovação tecnológica e diversidade produtiva, com mais de 44 mil empresas ativas em 2025
Por Valdívia Costa
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Com uma economia marcada pela inovação, pela presença de startups e pela força dos pequenos empreendimentos, Campina Grande chega aos 161 anos reafirmando seu papel de polo econômico estratégico da Paraíba. Em 2025, a cidade contabiliza 44.775 empresas ativas, sendo 94,6% delas classificadas como pequenos negócios, de acordo com dados da Receita Federal (RFB).

Desse total, 24.323 são Microempreendedores Individuais (MEIs), 15.786 Microempresas (MEs), 2.242 Empresas de Pequeno Porte (EPPs) e 2.424 Médias e Grandes Empresas (MGEs). A proporção é expressiva: há uma empresa para cada 9,9 habitantes, revelando o vigor do ambiente de negócios local.

Especial_Niver CG_cidade/ Foto: Ascom Sebrae/PB

A cidade também abriga uma base empresarial diversificada. Entre os setores com maior número de empresas estão o comércio varejista de artigos variados (1.987), cabeleireiros (1.783), promoção de vendas (1.173), comércio varejista de mercadorias em geral (1.145) e lanchonetes e casas de chá (984). A construção civil e a incorporação imobiliária também figuram entre as atividades econômicas de destaque.

Além do setor comercial, Campina Grande tem relevância em áreas como tecnologia da informação, confecção, calçados, produtos têxteis, agropecuária, laticínios, artesanato, apicultura, avicultura e o histórico algodão colorido, que ainda hoje representa um diferencial competitivo no mercado nacional e internacional. Essa diversidade produtiva sustenta o desenvolvimento local e garante empregos, circulação de renda e inovação.

O gerente da agência regional do Sebrae/PB em Campina Grande, João Alberto Miranda, destaca o protagonismo local.

“Esta cidade é acolhedora aos pequenos negócios, desde quando começou a se formar um pequeno núcleo de comerciantes em torno do Açude Velho. Atualmente, contamos com mais de 40 mil empresas no sistema Simples, em um município com mais de 440 mil habitantes. Nossa missão na Borborema é apoiar essas empresas, desde seu surgimento até o alcance de suas evoluções. O Sebrae está de portas abertas para orientar pessoas interessadas em contribuir para a geração e manutenção de produtos, serviços e marcas”, comenta.

A trajetória do algodão à era digital

Desde meados do século XX, Campina Grande se consolidou como um território fértil para a ciência e a tecnologia. A criação da antiga Escola Politécnica, atual Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), foi decisiva para a formação de uma cultura inovadora. Laboratórios de pesquisa de excelência surgiram na cidade, impulsionando projetos pioneiros e formando profissionais que marcaram a história do empreendedorismo local.

O pesquisador Lynaldo Cavalcanti foi um dos nomes que contribuiu para aproximar a universidade dos empreendedores e estimular a criação de negócios inovadores. Nesse mesmo ambiente, o Sebrae Paraíba iniciou a atuação local, apoiando os primeiros projetos segmentados de base tecnológica.

Ecossistema de inovação e políticas públicas

Na década de 2000, com o avanço da economia digital, surgiu o projeto Farol Digital, iniciativa do Sebrae/PB que apoiou empresas de software e hardware, oferecendo capacitação em gestão estratégica e acesso a mercados. Posteriormente, novas vertentes foram incorporadas, fortalecendo o modelo de startups — negócios inovadores, escaláveis e focados em soluções rápidas para demandas do mercado.

Campina Grande também avançou em políticas públicas voltadas à tecnologia, como a redução do ISS para empresas de TI para 2%, favorecendo a instalação e manutenção dessas atividades no município. A partir de 2019, o Sebrae intensificou a articulação do ecossistema de inovação, consolidando a cidade como um dos principais polos tecnológicos do Nordeste.

A analista técnica do Sebrae/PB, Ivana Sena, reforça a tradição inovadora da cidade. “Campina Grande nasce inovadora, desde os tempos do algodão. Na década de 50, surge a Escola Politécnica, o Sebrae também nasce dentro da universidade, para contribuir com empreendedores que já buscavam assessoramento técnico e estratégico. Chegamos ao importante momento estrutural desse Ecossistema de Inovação de Campina Grande (E.inoveCG), com instituições e gestão pública atuando juntos em prol das startups”, relembra.

Especial_Niver CG_DHF/ Foto: Arquivo pessoal

Startups que nasceram no ecossistema

Entre os negócios que ilustram a força desse ambiente inovador está a DHF Saúde, startup que surgiu em meio aos desafios enfrentados por diversas instituições campinenses relacionados ao absenteísmo e à ausência de dados estratégicos para decisões assertivas.

Especial_Niver CG_Wanderson Pio_DHF/ Foto: Arquivo pessoal

Desde a sua criação, a empresa estabeleceu como propósito transformar a gestão institucional e ampliar o acesso da população aos serviços de saúde de forma mais facilitada e digna. A trajetória da DHF é marcada pelo rápido crescimento e pela capacidade de implementar uma solução robusta em pouco tempo. Esse resultado, segundo a direção da empresa, está diretamente ligado à estrutura de apoio oferecida pelo ecossistema de inovação de Campina Grande, que envolve instituições como o Sebrae, a Virtus, a Unifacisa e outros. Conexões estratégicas, compartilhamento de conhecimento, eventos e o suporte de parceiros foram elementos decisivos para o fortalecimento do negócio.

O caso da DHF evidencia como startups campinenses têm conseguido aliar tecnologia e propósito social, aproveitando um ambiente propício à inovação e ao desenvolvimento de soluções com impacto real para a cidade e a região.